A cacique Boe Bororo Majur Harachell Traytowu, da Aldeia Apido Paru, localizada na Terra Indígena Tadarimana, em Rondonópolis — MT, pede apoio para combater a depressão da juventude em evento de mobilização e articulação de povos indígenas. A interação entre aldeias sempre foi uma bandeira da cacique Majur Harachell Traytowu, de 30 anos, mulher trans, que herdou do pai o posto, após ele se afastar por problemas de saúde.
Majur, que questiona seu gênero desde pequena, destaca o respeito e apoio em relação a transição de gênero dentro de seu povo e nas aldeias que mantem contato. Também vê a importância disso nos processos de transgeneridade e transsexualidade que afloram em outros jovens e adolescentes de seu povo.
Preocupada com a autoestima e saúde mental da juventude indígena a cacique Majur planeja a ida para a aldeia Balatipone-Umutina em Barra dos Bugres, de 12 a 15 de novembro de 2021, o local fica a aproxidamente 400km de distância de Rondonópolis. Sua expectativa é conseguir ajuda para a contratação de um ônibus e levar 50 jovens a um evento local de jogos e celebração da cultura indígena. A articulação também tem importância política e visa o fortalecimento e união dos Balatipone-Umutina e Boe Bororo, frente ao terrível contexto de violência ambiental, cultural e territorial contra os povos indígenas, sobretudo do centro-oeste, região onde a expansão do agronegócio ocorre de forma acelerada, destruído biomas, territórios sagrados e exterminando animais não humanos domesticados e selvagens.
Contudo, os dois povos tem ligação histórica, além da conexão no tronco linguístico macro-jê, no passado o povo indígena Balatiponé-Umutina fazia parte da etnia Bororo, porém, em determinado momento, vítimas da expansão colonial, afastaram-se do grupo principal e migraram para a região de encontro do rio Paraguai com o rio Bugre.
O evento organizado pelos Balatiponé-Umutina, além de representar um resgate ancestral tem na participção dos Boe Bororo uma estratégia de preservação das dimensões da espiritualidade e da cosmologia destes povos. De acordo com o Mapa da Violência de 2014, a saúde psicosocial dos povos indígenas merece atenção redobrada, dos 68 óbitos de indígenas, entre 2008 e 2012, 51 eram jovens, onde o suicídio e o assassinato são as principais causas. A eterna luta pela efetivação dos direitos e pela afirmação da identidade perante a nossa sociedade, são questões que precisam ser observadas pela temática do adoecimento mental, na perspectiva da saúde pública.
Para apoiar a cacique Majur e os povos Boe Bororo e Balatiponé-Umutina, você pode realizar uma transferência bancária para:
Gilmar Trayto
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