Violência racista e cisheterossexista fecha Espaço Cultural das Marias na periferia do Recife

Faixada do Espaço Cultural das Marias, no Ibura, Recife-PE

O Espaço Cultural das Marias no bairro do Ibura, em Recife, foi interditado pelo poder público porque estava sem alvará de funcionamento. Pra quem não sabe o espaço é um Quilombo Urbano de iniciativa de três mulheres negras de terreiro que apoia e incentiva manifestações afro-brasileiras como coco, afoxé, samba e maracatu

A vizinhança hostiliza o espaço por ser frequentado por sapatonas, frangos e travas, pelas gestoras serem lésbicas, bissexuais e pelo local acolher eventos de protagonismo lgbtq+. o bar ainda sofre acusação de ser um antro de usuários de drogas apenas por ser um espaço de sociabilidade e acolhimento da juventude dissidente periférica.

Este rechaço e preconceito é movido por três vizinhos que agem para expulsá-las da rua alegando que existe consumo e a venda de drogas, brigas e orgias, ameaçando levar as meninas que gestionam o espaço e o dono do imóvel ao ministério público.

Se por um lado o Estado age de forma racista impondo uma regularização higienista e elitista, através da obtenção de um alvará para quem está, de forma autônoma, tentando sobreviver como herdeiras de um passado que excluiu os direitos básicos de moradia, acesso a terra e alimentação da população negra, este caso revela que quando as vítimas não colaboram com o cistema heterossexista, a população sexodissidente é jogada a uma total situação de precariedade econômica, vulnerabilidade social e impedida de se expressar culturalmente. Quando falamos de cisheterossexualidade enquanto regime político é porque entendemos, entre outras coisas, que o campo do trabalho privilegia pessoas alinhadas com a cisgeneridade e heteronorma, ou seja, o “proletariado”, como um sujeito revolucionário, marginaliza quem não se encaixa no modelo de trabalhador cisheterossexual.

Desta forma, a Monstruosas tenta mobilizar sua rede de solidariedade para apoiar e fortalecer estas manas negras que vivenciam a dissidência sexual e são retaliadas pela hegemonia racista e cisheterossexista. Para além da crise, está é uma ação que exige uma redistribuição financeira como forma de trazer, dignidade, autonomia e proteção para pessoas negras que estão experimentando e vivendo além dos gêneros e da sexualidade que lhe são atribuídas. O apoio pode ser feito através de deposito na Caixa Econômica Federal em nome de Jéssica Priscilla Torres Lopes Ag: 0047 / Op: 013 / Conta Popupança: 91985-1 / Cpf: 098.222.644-61 ou através desta vakinha. Abaixo o apelo das meninas em suas próprias palavras.

queria ser o mais cética possível, mas é bem difícil numa situação dessa.

então, em conjunto, decidimos que o melhor a se fazer agora é fechar o espaço. essa semana entramos num acordo com o dono do ponto e decidimos que daríamos uma parte do aluguel essa semana e a outra parte até semana que vem. mas entendemos que a vizinhança está realmente com o propósito de nos tirar de lá e que qualquer documento que a gente faça pra continuar trabalhando não vai ser o suficiente, então não ta valendo a pena o desgaste psicológico, físico e financeiro por um lugar onde não nos querem lá. um lugar racista, lgbtfóbico e machista. além disso, todos os trâmites sairia muito caro e já temos muita demanda, muitas coisas pra pagar. na quarta fizemos o “dia das namoradas, nas marias” lá no casarão (conseguimos por uma junção de gente muito foda que se organizou pra nos ajudar e fazer com que esse nosso rolê desse certo. uma delas foi o gabinete das deputadas das juntas e mais algumas pessoas individuais incríveis também) e o dinheiro que conseguimos lá, pagamos o ponto, exatos $500 reais (pra segurar e pagar o outro pedaço na semana que vem). mas ainda falta o depósito onde pegamos as nossas bebidas que tá no valor de $1.400 reais (por conta dessas duas semanas que não podemos trabalhar), mais nossa casa de $450 reais, mais uma dívida no total de $1500 reais, aproximadamente, de coisas que compramos para a melhoria do espaço e que precisamos pagar a galera. a questão é que precisamos pagar a essa galera e recomeçar tudo.

temos consciência de que fizemos tudo muito certinho e que aquele espaço era nosso. um espaço de pretas e pretos. um espaço LGBT. um espaço da nossa família. mas é muito difícil resistir quando se existem pessoas extremamente racistas e lgbtfóbicos que são extremamente “fortes” pra sociedade a ponto de inventar mentiras pra autoridades e conseguir o que querem.

acreditamos que conseguimos mostrar pra todos nossa pretensão. não era um bar, mas um espaço cultural de mulheres pretas, mães, lgbts e candomblecistas que estavam de braços abertos pra acolher quem são os nossos, pra levar nossa cultura pra comunidade, pra movimentar os comércios já existentes e ajudar na criação de outros, de divulgar os artistas do nosso ibura, de acolher, ajudar, trocar e trazer junto com vocês o que é nosso pra nós. a gente sabe que chegamos muito perto disso com a revolta de algumas pessoas.

o intuito da gente, hoje, é conseguir esse dinheiro pra pagar tudo e tirar o resto pra alugar uma casinha maior e montar um espetinho.

a gente realmente precisa de vocês. com doações, com abraços, com a troca.

então falem com a gente, vamos pensar em algo juntxs pra que a gente consiga nos encontrar o mais rápido possível num lugar que realmente seja nosso. mais fortes.

Feira Autônoma Sexodissidente no Recife, apresenta o trabalho ambulante enquanto estratégia de autodefesa LGBT


Organizada pela Distro Dysca, Monstruosas e N-1 Edições a feira é uma ação que marcará o Ato de Publicação do livro “Testo Junkie” de Paul B. Preciado e o lançamento do zine “Notas E-videntes Para o Fim de um Mundo” de Ali do Espirito Santo em Recife – PE.

Com formato livre e autônomo, a feira surge na tentativa de garantir um espaço que possibilite o exercício da autonomia financeira pela população sexodissidente, ou seja, pessoas que contrariam os padrões e a estrutura cisheterossexista. A importância de construir uma feira com PROTAGONISMO INTEIRAMENTE SEXODISSIDENTE se dá para que pessoas em não conformidade com a norma cisheterossexual possam não só compartilhar seus conhecimentos e produções, mas também possam se encontrar entre si, criar parcerias, articulações e fomentar redes. A perspectiva é trazer o trabalho autônomo e ambulante enquanto estratégia de autodefesa de uma população que ainda é eliminada das instituições de formação escolar e sofre com o abandono, conflitos e exclusão familiar.

Com início a partir das 14h, a feira será animada pelo line-up de Leonardo Tenório e contará com as bancas da Distro Dysca, N-1 Edições, Carla Muniz Macramê, Cabide, Cantinho Astral, Comedoria Futurista, Brownies VegTaba, Dhuzati, Rafael Soares, Coletivo OCUPIRA, Duda Tatto, Eduardo Guimarães e Caetano Costa. Serão comidas veganas, camisetas, adesivos, brechó, livros, zines, acessórios, artesanatos, biojoias, quadros, ilustrações, contos eróticos, fotografias e colagens, trazendo uma potente variedade de produtos, condição que caracteriza uma boa feira livre. No espaço ainda teremos Christian Lean, fazendo cabelos e sobrancelhas de quem quiser dar uma repaginada no visual e o studio de Duda Oliveria e Muro, tatuadores com traços artísticos, desenhos autorais e exclusivos.


Devido a imposição de uma moral que deslocou o sexo e a sexualidade para o centro da atividade política e econômica, vemos que o capitalismo criou a cisgeneridade e a heterossexualidade como tecnologia para exercer um controle psíquico, afetivo, reprodutivo, subjetivo, territorial, populacional e laboral que exclui violentamente, marginaliza e extermina corpos que não reproduzem suas normas e não legitima suas instituições, impedindo-os de existir, para que outros arranjos possivelmente conflitivos não emerjam e comprometam estruturalmente o projeto de sujeito humano civilizado. Não por acaso, nos espaços hegemônicos em geral, pessoas lgbts que não reforçam padrões heterocentrados são vistas como aberrações, anormais e sofrem agressões, ofensas, assédios e ameaças, piorando os níveis de hostilidade e vulnerabilidade nas demonstrações públicas de afeto e quando se intersecciona as condições de raça e classe. No capitalismo o sexo tornou-se parte tão importante dos planos de poder que o discurso sobre a masculinidade e a feminilidade transformaram-se em agentes de controle da existência, sendo inconcebível deixar de ser homem ou deixar de ser mulher.

É neste contexto que no dia 15 de Setembro a partir das 14h, no MAMAM, a população recifense poderá fortalecer esta iniciativa que empodera corpos estigmatizados, chamando todas aquelas que se dizem aliadas na luta contra o cisheterossexismo a atuarem numa importante ação de redistribuição financeira e geração de renda, estimulando e impulsionando carreiras que tem no trabalho autônomo, na produção artesanal e na articulação coletiva uma estratégia que permita que corpos estigmatizados encontrem meios básicos de sobrevivência e se nutram de uma autoestima que reconheça a potência e o valor de seus fazeres.

“Testo Junkie” e “Notas E-videntes Para o Fim de um Mundo”, propaga conhecimento sexodissidente em Recife


Dia 15 de setembro acontece no MAMAM – Museu de Arte Moderna Aluíso Magalhães, o Ato de Pulicação do livro “Testo Junkie” de Paul B. Preciado e o Lançamento do zine “Notas E-videntes Para o Fim de um Mundo” de Ali do Espirito Santo. O evento terá uma roda de diálogo com relatos de experiências, apresentação dos títulos e a presença de Társio Benício, Amanda Palha e Akuenda Translésbicha; a realização da 1ª Feira Autônoma Sexo Dissidente e a quarta edição da Danzando en Revolta, trazendo a pista de dança como campo de guerra com apresentações artísticas e melodias transmusicadas.

Publicado em português pela N-1 Edições, “Testo Junkie” narra a experiência do autor, homem trans, em seu próprio uso de testosterona e o impacto do hormônio no seu corpo, levando-o a refletir como a síntese de hormônios, desde a década de 1950, mudou fundamentalmente a forma como gênero e identidade sexual são formulados e como as indústrias farmacêutica e pornográfica integraram essa tecnologia com a criação e regulação de desejos enquanto negócios.

Já o zine de Ali do Espirito Santo, publicado pelo selo Monstruosas, é uma crítica aos regimes de subserviência neoliberal (ou assimilação capitalista) que aponta questões sobre a biopolítica das ruínas – o mito do nascimento como a salvação do projeto de Humano – com olhar atento para as políticas representativas que trancafiam os corpos numa ode ao sofrimento e a impotência.

O filósofo e curador Paul B. Preciado

Ali do Espirito Santo, ensaísta, artista visual e performer

Levando a cabo o mote “nada sobre a gente sem a gente” queremos também estimular e trazer o protagonismo da população sexodissidente numa ação de redistribuição financeira e geração de renda com a Feira Autônoma Sexo Dissidente. A ideia é criar um espaço de compartilhamento com pessoas em não conformidade com a norma cisheterossexista, para que elas possam expor produções, se encontrar, formar parcerias e articular redes. A feira quer firmar o comércio autônomo enquanto estratégia de autodefesa de uma população que ainda é eliminada das instituições de formação escolar e sofre com o abandono e a exclusão familiar. Já contamos com a inscrição de várias bancas e mantemos aberto o convite para produtores, artistes, artesãs, vendedores ambulantes e cozinheires. A participação para expor na feira é EXCLUSIVA para população LGBT, e as inscrições devem ser feitas aqui.

Finalizando o evento, a quarta edição da Danzando em Revolta, trás o DJ Dante Olivier no comando do som, mais as performances de Nubia La Nena Callejera, Yohana Rodrigues e Iagor Peres apresentando seus corpos como arma bélica. Atrações que transformarão a festa em ruídos da queda dos preconceitos para que nossas existências possam dançar em revolta.

Este Ato de Publicação é organizado pela N-1 Edições e a Distro Dysca que se juntam com objetivo de criar uma agitação política, debatendo temas pertinentes ao desmonte do retrocesso institucional que vivemos para que o hoje não seja preservado para alguns poucos hegemônicos sobre as costas de tantos outros.

LIBERTA ELAS: Afeto, feminismo e antiracismo para mulheres em situação de cárcere em Pernambuco

O projeto Liberta Elas se volta para as mulheres em situação de cárcere em Pernambuco.

Com uma visão crítica à seletividade (de raça, sexualidade e classe) do sistema penitenciário brasileiro, a proposta é estabelecer contatos de afeto com estas mulheres, afirmando a importância da sociedade se voltar para elas, observando onde estão, em quais circunstâncias e por quais motivos. A invisibilidade na qual são colocadas as pessoas em situação de cárcere só colabora com a perda de seus direitos. O projeto Liberta Elas luta pelos direitos das mulheres e por justiça social.

O crime quando cometido por uma mulher é entendido não só como um ato de transgressão às normas, mas, e principalmente, como uma “rebeldia” feminina que abandona seu lugar de “honra” na sociedade.


A mulher transgressora não é considerada digna de respeito e atenção.

Um retrato disso são os dias de visitas na Colônia Penal Feminina Bom Pastor. Dias marcados por ausências e solidão.

O Liberta Elas acredita na potência política do afeto e nossa proposta é construir momentos de acolhimento para as mulheres que estão lá dentro. Um acolhimento que possa também ser material, já que existem necessidades básicas por parte das mulheres em situação de cárcere.

Nesse primeiro momento, o Liberta Elas está construindo um diálogo com a Colônia Penal Feminina Bom Pastor. Os contatos entre o projeto e estas mulheres serão estabelecidos através de atividades coletivas como a oficina de Estética da Afetividade, realizada por Isabel Freitas.

Sua proposta pedagógica possibilitará às mulheres em situação de cárcere a reconstrução da sua própria história, resgatando/fortalecendo sua autoestima pessoal, familiar e social com base na estética do oprimido. Esta tem como fundamento a certeza de que somos todos melhores do que pensamos ser, capazes de fazer mais do que realizamos: todo ser humano é expansivo.

Também serão viabilizadas entre os dias 11 e 15 junho pelas outras integrantes do projeto, mais atividades como: oficinas de respiração, produção de zine, biodança, sobre a escuta de si; roda de diálogo sobre maternidade e famílias, e sessão de cinema.

Ainda existe uma campanha pernamente de arrecadação que busca montar kits individuais que levam em consideração as especificidades das mulheres no Bom Pastor (mães, idosas, gestantes e bebês).

Kit Mulheres: absorventes, perfumes, sabonetes, xampu, creme condicionador, hidratante, pasta e escova de dentes, batons, maquiagens e roupas;

Kit Bebê: sabonete para bebês, colônia para bebês, lenços umedecidos e fraldas G ou GG.

Os kits prontos serão arrecadados na Rua Nunes Machado, nº 97, Boa Vista, próximo a Igreja da Soledade e da Universidade Católica de Pernambuco. Para as pessoas que não puderem montar um kit mas quiserem colaborar, também serão aceitas doações a partir de R$ 5,00, através das contas (os comprovantes deverão ser enviados para o e-mail: libertaelas@gmail.com com o assunto “doação campanha bom pastor”. Vale ressaltar que todo o dinheiro arreacado será utilizado para a compra dos kits.

CAIXA ECONÔMICA:
AGÊNCIA : 0559
OP: 001
CONTA: 00030643-4
Elivânia Santos da Rocha

BANCO DO BRASIL
AGÊNCIA: 1833-3
CONTA: 32.171-0
Juliana Trevas

[CHAMADA DE COLABRAÇÃO SOLIDÁRIA] Vem aí, MONSTRUOSAS: Tesões apokalíptikos nas ruínas do heterocapitalismo

Em junho de 2017 a Distro Dysca, realiza a 2ª edição da Monstruosas, desta vez focando nos tesões apocalípticos que se fortalecem desprezando a falocracia da masculinidade tóxica e civilizada. Gozar em cima das ruínas da heterossexualidade e da família nuclear androcentrada é um ato que transforma os esforços para demolição do heterocapitalismo em um orgasmo lascivo, sendo as vivências e as práticas dissidentes um vírus que se propaga contaminando os corpos com a descolonização dos desejos e afetos. Nossos prazeres e a forma como se alcança-os também são políticos e fazem parte de uma subversão estrutural a cerca do controle biopolítico dos corpos.

O evento está sendo todo organizando sob protagonismo dissidente em perspectiva colaborativa, horizontal, autônoma e solidária. Serão dois dias de intensas atividades com oficinas, rodas de diálogos, sessões de tatoo e piercing, lançamento do livro A Porca Punk, lançamento de zines, mostra de vídeos e performances, além de uma festa de confraternização que catalisará as pulsões emergidas neste grande encontro. Com a participação de ativistas, artistas, performers e pornoterroristas, os trabalhos e debates selecionados para compor a programação, são realizados por companheires do Brasil, México, Argentina, Chile e Peru, retratando uma disparidade estética e propositiva que tem na visibilidade das sexualidades e gêneros dissidentes uma arma humanicída que infecta os corpos heteronormativos autocompreendidos como poderosos, verdadeiros, definitivos e hegemônicos.

Nossos custos de produção envolvem:

  • O transporte das facilitadoras e performers que se encontram em regiões diferentes do Brasil, bem como transporte urbano para circulação e compra de materiais para as oficinas.
  • A tradução de textos, diagramação e tiragem dos zines que serão lançados pelas monstruosas como Agitporn, Localização Política da AIDS, Contra o Quebranto Sobre o Corpo Monstruoso, Gordas e Anti Especismo e Mastrubação Mental;
  • O aluguel de material para exibição de vídeo como projetor e telão
  • Impressão de folders e cartazes de divulgação que serão espalhados em regiões periféricas da cidade.
  • Ajuda de custo para alimentação e hospedagem das companheires de forma que não sobrecarregue o orçamento e a organização cotidiana das amigas que forneceram suas casas, na periferia de Recife, para hospedagem e troca de vivências.

A 1ª Monstruosas, contou com doações colaborativas e um almoço solidário realizado pela Dhuzati Coletiva Antiespecista Artesanal. Devido à experiência exitosa estamos convidamos amigues e demais apoiadorxs da rede sexodissidente e anticapitalista para contribuir financeiramente com este projeto, objetivando o acesso gratuito à todas nossas atividades.

O festival será condensado na seguinte programação: MoNSTRaMostra Nordestina de Sexualidades e Travestigeneridades em Resistência no Audiovisual; Danzando en Revolta; eXXXcitadesoficinas de shibari, debates transsexuais, tatoos e piercing; Montaria TheMônia Anticivilizatória e Lançamento do livro A Porca Punk + lançamento de zines. As doações podem ser feitas através de depósito no Banco do Brasil na seguinte conta:

A. Buarque de Souza
CPF: 048.656.864-44
AG. 1245-9
CC 45990-9

Por ser um projeto autônomo, nossa contrapartida para esta chamada se dá pela própria realização do evento que ocorrerá na periferia de uma grande cidade do nordeste brasileiro, como estratégia de sair de um centro tomado pela gentrificação, priorizando o recorte de classe nas perspectivas críticas a cerca dos comportamentos sexuais e de gênero. Nosso foco é o fortalecimento dos corpos monstruosos e racializados que se encontram fora das grandes instituições de produção instrumental de conhecimento, reconhecendo as inspiradoras experiências de resistência, criação e pirataria construídas desde as situações de exclusão familiar, trajetórias na prostituição, até o enfrentamento contra às violências resultantes da expansão cristã neopentecostal nas periferias e da supremacia machulenta.

Kurso Kuir com Jota Mombaça em Recife gratuito e não recomendado para homens cis heterossexuais

kuir

KURSO KUIR – PERSPECTIVAS MESTIÇAS

A ideia é deslocar o sentido da apropriação “queer” no contexto latino a partir do contágio com as produções de uma rede de artistas-ativistas-articuladorxs que, desde as posições críticas de sujeitxs transbordermestizxs, pirateiam esse referencial, pervertendo seu sentido político associado à colonialidade. Kuir é uma inflexão fonética desse termo que nos foi informado pela produção euroestadunidense; e implica considerar, além das questões ligadas à dissidência sexual e de gênero, o problema da colonialidade em suas intersecções geopolíticas e de raça, classe, espécie. Textos-bomba, videos pornodissidentes, performances e outras produções estéticas monstruosas a partir de nossas próprias experiências periféricas, mestiças, generodesobedientes, anticoloniais e sexualmente transmissíveis.

Quanto a inscrição: não vai precisar enviar e-mail, basta chegar no dia com um pouquinho de antecedência e, enquanto houver espaço, todes serão acolhides. Quer dizer, todes exceto homens cisgêneros heterossexuais, os quais não encorajamos a participar (simplesmente porque esta atividade não é sobre vocês). As demais pessoas (que não se encaixem nessa categoria), sim, serão bem vindas.

Atitudes de cunho heterossexista, misógino, transfóbico, racista, lesbofóbico, gordofóbico, capacitista, homofóbico, patriarcal, xenofóbico e classista serão resistidas e rechaçadas, independente de quem as acione. A ideia é criarmos um espaço interseccional bacana onde todes possamos nos expressar a respeito de nossas questões sem que, para isso, violentemos outras corpas minoritárias.

Jota Mombaça pode ser chamadx Monstrx, K-trina e Erratik. É umx one hit artist pop guerrilheirx, bruxx políticx, performer e pesquisadorx del kuir em contextos sudakas, terceiro-mundistas, transfronteiriços e de mestiçagem estética, ética, visual, linguística, política, étnica, sexual e epistêmica.

Adiada Convocatória de Trabalhos para a MONSTRUOSAS

GALERA, ESTENDEMOS A DATA DESTA CONVOCATÓRIA.

Devido a problemas técnicos (o blog e o e-mail, hospedados em servidores autônomos, passaram por manutenções recentes nestes últimos dias) estaremos recebendo propostas até dia 15 de Agosto.

VEM COM A GENTE!!

ADIAMENTO

Está aberta a convocatória de trabalhos para exposição no “MONSTRUOSAS – SUBPOLÍTICAS E DESCOLONIALIDADES” em Recife

A proposta é fazermos um festival sobre dissidência sexual falando desde nosso contexto sudaka, numa das partes mais marginalizadas do território, o nordeste do Brasil. O evento será gratuito e autogerido, com objetivo de agregar e somar a maior quantidade de personas non gratas ao cistema heterocapitalista.

Convidamos pessoas, individualidades, agrupamentas e coletivos que tenham PROJETOS SUBVERSIVOS DE PERFORMANCE, INSTALAÇÃO, DANÇA, TEATRO, VISUAIS (FOTOGRAFIA, ILUSTRAÇÃO, PINTURA, ESCULTURA) OU QUALQUER OUTRA MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA/POLÍTICA QUE TEMA COMO TEMA “DISSIDÊNCIA SEXUAL, E DESCOLONIZAÇÃO”. Temos em vista a necessidade urgente de visibilizar práticas e produções ligadas a FEMINISMOS, TRANSFEMINISMOS, INTERSECCIONALIDADES, GUERRILHAS KUIR E PÓS IDENTITÁRIAS que desestruturem a moral e desprogramem nossos corpos. Anti-arte e artistas que de alguma forma se sentem oprimidxs pelo sistema branco, higienizador e colonizador serão muito bem vindes. As performances acontecerão em paralelo a Itinerância do Pornífero Festival e cada apresentação NÃO PODERÁ EXCEDER O TEMPO DE 20 MINUTOS. Nos casos dos trabalhos que tenham mais que esta duração, podemos tentar adaptar e pensar em soluções em conjunto, contudo, a seleção atenderá os critérios acima citados. CADA ARTISTA DEVE SE RESPONSABILIZAR PELA MONTAGEM E CONCEPÇÃO DOS TRABALHOS, o encontro será totalmente autogestionado pelas organizadoras e o cuidado, execução e montagem das obras, será de completa autonomia dxs proponentes. O PROJETO DEVE SER ENVIADO ATÉ 10 DE AGOSTO PARA DISTRODYSCA@BASTARDI.NET, CONTENDO:

RESUMO: uma síntese do que se trata o trabalho, em 5 linhas
JUSTIFICATIVA: um pequeno texto com argumentos sobre a pertinência do seu trabalho no evento, no máximo de 10 linhas
REFERÊNCIAS: trabalhos artísticos, literários ou textuais que inspiram ou a que remete ao seu trabalho.

Haverá um comunicado prévio com xs artistas no dia 15/08/2015 para nos conhecermos e conversamos sobre questões práticas das execuções.

Página do evento no facebook: https://www.facebook.com/events/902221733183824/

Vem aí: Monstruosas: Subpolíticas e Descolonialidades | 21 e 22 de Agosto em Recife

11791810_1619442058338708_82785805_nEncontro de catalisação de potências antissistêmicas através do corpo, e seus deslocamentos como possibilidade de vivências políticas de resistência. Articulado em perspectiva anticivilizatória.

Conectando geografias afetivas e espaciais, o encontro trará diálogos e tensionamentos diagramados no corpo enquanto ferramenta principal do existir político, pelo viés de sua atuação afetiva-sexual e performativa. Esses diálogos serão facilitados por personagens que pensam suas ações políticas desde o ponto local até sua expansão em território estendido, somando questionamentosoprimidos pelo cistema heterocapitalista.

Lutando por uma sexualidade livre, iniciada não pelo discurso da liberdade da ação sexual em si, nem pela classificação das diversidade sexuais já lidas, mas da liberdade de exercício do corpo e de seus devires, sendo sempre relido conforme seus novos dispositivos de desejo político. Buscamos um debate horizontal que tem como princípio desprogramador questionamentos provenientes de marginalidades e seus atravessamentos. Diagramando assim um corpo político na utopia do agora, uma existência trans-feminista-negra, de classe y gorda. Sem fronteiras.

Nessa diagramação estamos prezando pela autonomia dos corpos e suas resistências, articulando e experimentando cotidianos de emancipação pensando um corpo que é próprio e também é outro. Assim levantaremos práticas de autogestão anti-especistas, contraletradas e nômadas como horizontes de potência revolucionária.

>>>>>>>>> PROGRAMAÇÃO <<<<<<<<<

Sex – 21.08, 18hrs    
Pornífero Festival de Arte Pós-Pornô – Itinerância do Festival de Lima (PERU)

Apresenta e representa liberdades visuais derivadas de práticas radicais em um contexto ibero-americano, modificadas através de uma lógica histórica cheia de regimes políticos assassinos e ditatoriais, e instalando-se tensamente em um sistema pró capitalista pós colonial cuja brecha principal é a tecnologia. O material coletado para a programação, retrata uma disparidade estética e propositiva. O uso de sexualidades dissidentes como arma homicida, infectando um corpo heteronormativo que se via enquanto poderoso e definitivo. Material em video arte de países como México, Colombia, Chile e Peru, formam parte dessa seleção que trata de pôr ênfase na prática pós-pornô em países tão complexos como os da Latinamérica.

Sáb – 22.08, 15hrs
Kurso Kuir – Persepctivas Mestiças

Facilitado por Jota Mombaça que tem como ideia deslocar o sentido da apropriação “queer” no contexto “latinoamericano” a partir do contágio com as produções de uma rede de artistas-ativistas-articuladorxs que, desde as posições críticas de sujeitxs transbordermestizxs, pirateiam esse referencial, pervertendo seu sentido político associado à colonialidade.

Sáb – 22.08, 22hrs
Danzando en em Revolta

A pista de dança como campo de guerra, o corpo como arma bélica e a dança como movimento emancipatório. Para que nossas existências possam DANÇAR em REVOLTA a música do ruído da queda da civilização.

Com Solânge,tô aberta!: STA! é o fracasso da hetero/homonormatividade: festejar as margens e comemorar a precariedade. STA! é a música pirata, é o fracasso da arte!!! STA! é um buraco que todo mundo tem!!!

K-trina Errátik: Compõe pop-guerrilhas como declaração de guerra das bichas do terceiro mundo.

Eu o Declaro Meu Inimigo: “Aquele que puser as mãos sobre mim, para me governar, é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo!”, declaram também que a música pode ser perigosa.

Coletivo Coiote: A atualização estética da violência traz na noção de dispêndio uma nova gestão do corpo, aquele que enfrenta a violência enquanto agente e não mais como vítima. Só podemos destruir aquilo que é nosso, destruir é uma forma de consumo, o autoflagelo é a expressão não falada de “Este corpo é meu”. O empoderamento se dá em uma relação agonística de destruição e auto-descolonização, enfatizando a caracterização estética da esquizofrenia, da sujeira, da sexualidade dissidente como existência potencial, afirmadora de sentido e que denuncia a passividade enquanto cúmplice da violência higienista.

Mais informações:
Página do evento no facebook: Monstruosas: Subpolíticas e Descolonialidades
Contato Distro Dysca: distrodysca@bastardi.net

Convocatória de trabalhos: “Monstruosas – Subpolíticas e Descolonialidades”

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Está aberta a convocatória de trabalhos para exposição no “MONSTRUOSAS – Subpolíticas e Descolonialidades”.

A proposta é fazermos um festival sobre dissidência sexual falando desde nosso contexto sudaka, numa das partes mais marginalizadas do território, o nordeste do Brasil. O evento será gratuito e autogerido, com objetivo de agregar e somar a maior quantidade de personas non gratas ao cistema heterocapitalista.

Convidamos pessoas, individualidades, agrupamentas e coletivos que tenham projetos subversivos de performance, instalação, dança, teatro, visuais (fotografia, ilustração, pintura, escultura) ou qualquer outra manifestação artística/política no qual, tenha como tema “dissidência sexual e descolonização”. Temos em vista a necessidade urgente de visibilizar práticas e produções ligadas a feminismos, transfeminismos, intersecionalidades, guerrilhas kuir e pós identitárias que desestruturem a moral e desprogramem nossos corpos. Anti-arte e artistas que de alguma forma se sentem oprimidxs pelo sistema branco, higienizador e colonizador serão muito bem vindes. As performances acontecerão em paralelo a Itinerância do Pornífero Festival e cada apresentação não poderá exceder o tempo de 20 minutos. Nos casos dos trabalhos que tenham mais que esta duração, podemos tentar adaptar e pensar em soluções em conjunto, contudo, a seleção atenderá os critérios acima citados. Cada artista deve se responsabilizar pela montagem e concepção dos trabalhos, o encontro será totalmente autogestionado pelas organizadoras e o cuidado, execução e montagem das obras, será de completa autonomia dxs proponentes. O projeto deve ser enviado até 10 de agosto para distrodysca@bastardi.net, contendo:

  • Resumo: uma síntese do que se trata o trabalho, em 5 linhas
  • Justificativa: um pequeno texto com argumentos sobre a pertinência do seu trabalho no evento, no máximo de 10 linhas
  • Referências: trabalhos artísticos, literários ou textuais que inspiram ou a que remete ao seu trabalho.

Haverá uma reunião prévia com xs artistas no dia 15/08/2015 para nos conhecermos e conversamos sobre questões práticas das execuções.

Abaixo uma lista de inspirações que nos excitam:

HIJA DE PERRA
LEONOR SILVESTRI
ALGODÃO ROSA CHOQUE
PUTINHAS ABORTEIRAS
SAPATANIKAS
SELVÁTICAS
PEDRO LEMEBEL
DZI CROQUETTES
MC CAROL
CLAUDIA WONDER
LAURA DE VISON
DIANA PORNOTERRORISTA
SOLANGE TO ABERTA
K-TRINA ERRATIK
ERRORISTAS
QUIMERA ROSA
BRUCE LA BRUCE
VERONICA DECIDE MORRER
LA POCHA NOSTRA
ANNIE SPRINKLE
CONGELADA DE UVA
CUERPO PUERCO
LA FULMINANTE ROJA
MERCENÁRIAS
GG ALLIN
RON ATHEY