LIBERTA ELAS: Afeto, feminismo e antiracismo para mulheres em situação de cárcere em Pernambuco

O projeto Liberta Elas se volta para as mulheres em situação de cárcere em Pernambuco.

Com uma visão crítica à seletividade (de raça, sexualidade e classe) do sistema penitenciário brasileiro, a proposta é estabelecer contatos de afeto com estas mulheres, afirmando a importância da sociedade se voltar para elas, observando onde estão, em quais circunstâncias e por quais motivos. A invisibilidade na qual são colocadas as pessoas em situação de cárcere só colabora com a perda de seus direitos. O projeto Liberta Elas luta pelos direitos das mulheres e por justiça social.

O crime quando cometido por uma mulher é entendido não só como um ato de transgressão às normas, mas, e principalmente, como uma “rebeldia” feminina que abandona seu lugar de “honra” na sociedade.


A mulher transgressora não é considerada digna de respeito e atenção.

Um retrato disso são os dias de visitas na Colônia Penal Feminina Bom Pastor. Dias marcados por ausências e solidão.

O Liberta Elas acredita na potência política do afeto e nossa proposta é construir momentos de acolhimento para as mulheres que estão lá dentro. Um acolhimento que possa também ser material, já que existem necessidades básicas por parte das mulheres em situação de cárcere.

Nesse primeiro momento, o Liberta Elas está construindo um diálogo com a Colônia Penal Feminina Bom Pastor. Os contatos entre o projeto e estas mulheres serão estabelecidos através de atividades coletivas como a oficina de Estética da Afetividade, realizada por Isabel Freitas.

Sua proposta pedagógica possibilitará às mulheres em situação de cárcere a reconstrução da sua própria história, resgatando/fortalecendo sua autoestima pessoal, familiar e social com base na estética do oprimido. Esta tem como fundamento a certeza de que somos todos melhores do que pensamos ser, capazes de fazer mais do que realizamos: todo ser humano é expansivo.

Também serão viabilizadas entre os dias 11 e 15 junho pelas outras integrantes do projeto, mais atividades como: oficinas de respiração, produção de zine, biodança, sobre a escuta de si; roda de diálogo sobre maternidade e famílias, e sessão de cinema.

Ainda existe uma campanha pernamente de arrecadação que busca montar kits individuais que levam em consideração as especificidades das mulheres no Bom Pastor (mães, idosas, gestantes e bebês).

Kit Mulheres: absorventes, perfumes, sabonetes, xampu, creme condicionador, hidratante, pasta e escova de dentes, batons, maquiagens e roupas;

Kit Bebê: sabonete para bebês, colônia para bebês, lenços umedecidos e fraldas G ou GG.

Os kits prontos serão arrecadados na Rua Nunes Machado, nº 97, Boa Vista, próximo a Igreja da Soledade e da Universidade Católica de Pernambuco. Para as pessoas que não puderem montar um kit mas quiserem colaborar, também serão aceitas doações a partir de R$ 5,00, através das contas (os comprovantes deverão ser enviados para o e-mail: libertaelas@gmail.com com o assunto “doação campanha bom pastor”. Vale ressaltar que todo o dinheiro arreacado será utilizado para a compra dos kits.

CAIXA ECONÔMICA:
AGÊNCIA : 0559
OP: 001
CONTA: 00030643-4
Elivânia Santos da Rocha

BANCO DO BRASIL
AGÊNCIA: 1833-3
CONTA: 32.171-0
Juliana Trevas

KUCETA (póspornografias): Festival de cultura e política sexodissidente em São Paulo

No próximo 16 de junho acontece no Estúdio Lâmina em São Paulo, o festival de cultura e política sexodissidente “KUCETA (póspornografias)”. O evento é protagonizado por corpos negros, trans, soropositivos, sexomarginalizados, desviantes e construído sob a perspectiva de apoiar e fortalecer uma comunidade e uma rede formada por pessoas que contrariam, combatem e são vítimas da norma, moral e economia heterocapitalista.

O evento também é um marco que promove o choque estrambólico entre a Solange Tô Aberta de Pedra Costa, a batucada de Gil Porto Pyrata, ex-Putinhas Aborteiras e o Anarcofake, dissidência antiheterossexista do Anarcofunk, de Mogli Saura, em uma das 5 perfoshows da noite. O momento é aguardado por representar um encontro de criações que embalaram e inspiraram a emergência de políticas combativas e radicais em torno das sexualidades bizarras, anormais e políticas monstruosas desde o início dos anos 2000


Performances, filmes, feira libertária com bancas de zines, roupas, sex toys, comidas vegetarianas, dvds pornopirata e artes serigrafadas, além de flashs de tatuagens entre 50$ e 100$ com Trava Tatueira, lançamento do zine Siririca e o debate “O que faz de uma relação sexual” com Caróu Oliveira Diquinson, trazendo uma reflexão sobre quais são as perspectivas anarquistas nas disputas de narrativa sobre sexualidade feminina.

A entrada no evento custará 15$ e o arrecadado será compartilhado com as organizadoras e artistas que participarão do evento, PORTANTO NÃO SERÁ ACEITO CARTÃO. A organização frisa que também não tolera atitudes machistas, racistas, misóginas, transfóbicas, conservadoras, julgadoras, gordofóbicas, lésbofóbicas, meritocratas, nacionalistas, moralistas, xenofóbicas e putofóbicas e que o evento também pauta privilégios sistêmicos e marginalidades, ressaltando a importância da redistribuição financeira e fortalecimento das corpas afetadas.

KUCETA (póspornografias)

Inspiradxs em festivais como Muestra Marrana, Bienal de Arte e Sexo Dildo Rosa, Pornífero, Anormal Festival, Arrecheras Heterodisidentes, Monstruosas, etc; pretendemos exibir algo do que tem sido produzido em relação a sexualidades não normativas, em nossa rede pós-pornográfica. Queremos estar juntas em dissidências, articulando nossas guerrilhas ao que nos massacra, mostrando nossas artes, táticas, anti-artes e lutas para não sucumbirmos ao cis-tema(!), para gozarmos, termos prazeres contra hegemônicos e inventar novos prazeres contrassexuais. Nossas cucetas estão em festa, e vamos dedicar esse encontro pra elas!

Usamos o pós porno como ferramenta anticapitalista para potencializar nossa máquina de guerra e metalhar em todxs nossa política anarquista!

É sobre dedicarmos esse encontro a abrir-nos e a preencher de sentidos e diversidades em pulsação, mas óbvio que também rebolaremos nossas rabas até o chão, chão chão.

A programação ainda conta com a instalação Do desejo“, de Gabriela De Laurentiis, a exposição Pornografia Analítica – superinterpretações críticas” de Paulx Castello e uma excitante mostra de vídeos, exibindo trabalhos que já circularam em eventos de sexualidades anormais em âmbito nacional e internacional, além de títulos ainda não tão conhecidos,

PERFORMANCES:

DANI BARSOUMIAN
Artista, feminista autônoma e pesquisadorx do corpo, utiliza a arte da performance para investigar questões relacionadas as construções de identidades.

GIL PORTO PYRATA
Pessoa trans não binária, artista de rua, palhaço freak, anarktransfeminista e terrorperformer, pesquisa pósporno e masculinidades combativas ao heterocispatriarcado, usando linguagens experimentais que circulam entre circo/dança/yoga/textualidades.

RAO NI
Viado do corre autônomo, trabalha com montagem de vídeo, som e desenho.

GORDURA E SUJEIRA
Palhaçxs periféricxs, que transgridem fronteiras, a cultura circense e a cultura das bixas travestis sapatonikas se unem e a tradição perde sua norma.

JOÃO GQ:
Formado em realização audiovisual na Universidade do Vale do Rio dos Sinos em 2012, já foi sócio da produtora audiovisual Avante Filmes entre 2011 a 2013. Em 2015 ingressou no Grupo Experimental de Dança de Porto Alegre e desde então vem pesquisando intersecções entre [corpo + tecnologia + política] e [arte + educação + saúde]. Ainda colaborou com os coletivos: Poro Audiovisual, Coletivo Moebius, C4 Performance em Conjunto, Sapedo Arte Menor e festivau de C4nn3$.

SUE NHAMANDU VIEIRA
A Pornôklasta, Professora de filosofia por mais de 13 anos, performer e ativista transfeminista pró-sexo.

MOGLI SAURA
Artista da fome. Experimenta e cria a partir das ruínas, da rua, do lixo e do mato. Em seu processo de criação compõe, performa, dança e toca. Tendo como ponto de partida a contracultura e a antiarte como referência biológica. Se fez conhecer por suas composições e gravações dentro do coletivo Anarcofunk e pelas performances-rituais em Kaos Dança Butoh. Suas (des)obras são pautadas por questões bio-politicas, existenciais, filosóficas e místicas colocando ancestralidades sem origem, gêneros dissidentes, re-existencias psico-nômadas e anarquias mágicas para rizomar e jogar com as estruturas binárias, rígidas sistemáticas afim de devir (im)possibilidades. da pós-pornografia a palhaçaria, da arte mambeibe a body arte, do funk carioca a musica artesanal campesina mexicana, do butoh ao swing de fogo, do terror ao amor.

BRUNA KURY:
Anarcatransfeminista, performer, pesquisa kuir sudaka no cotidiano e já performou com a Coletiva Vômito, Coletivo Coiote, La Plataformance, MEXA e Coletivo T. Pirateia e faz pósporno e pornoterror. Desenvolve performances/ações diretas contra o cis-tema patriarcal heteronormativo compulsório vigente e a opressões estruturais (GUERRA de classes), principalmente em lugares de crise. Recentemente participou da residência no Capacete (RJ) e do Festival Internacional de Postporno Anormal em Ex-teresa (México).

CAMILA VALONES
É artista-poeta-total. Trabalha entre paisagens plásticas e sonoras, textos, táticas, objetos, seres, fazeres, teatro e performances. Integra desde 2015 a companhia de TEAT(R)O OFICINA UZYNA UZONA. Em 2013 foi premiada pelo Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea. Já teve o seu trabalho exposto em diferentes estados do Brasil e em Quito, no Equador, onde apresentou a peça sonora (l)A Selva.

DESIRE GONZALES

LUA LUCAS
Atuou como atriz junto com o Coletivo T, katita problematizadora na empresa A Revolta da Lâmpada e fortalecedora na empresa Cursinho Popular Transformação

PAULX CASTELLO
Bixa putx transudaka performer e quase varias outras coisas, pósgraduada em pospornografia e desejos contrasexuais pela DIY Univérsity of Você Mesme con Amigues”.

PERFOSHOWS

SOLANGE, TÔ ABERTA
STA! é o fracasso da hetero/homonormatividade: festejar as margens e comemorar a precariedade. STA! é a música pirata, é o fracasso da arte!!! STA! é um buraco que todo mundo tem!!!

VENTURA PROFANA E JHONATTA VICENTE
Ventura Profana e Jhonatta Vicente resgatam vestígios de uma educação evangélica, criando um paralelo entre o genocídio TLGBs e a crucificação de Cristo.

ERIC OLIVEIRA
Integra o Baile em Chernobyl, coletivo de bixas degeneras, periféricas, que correm do patriarcado e atacam com som e performance.

ANA GISELLE
Transalien, monxtra, estranha, vespertine, improferível, idiossincrasia, unlimited spirit, creature of the night

ANIMALIA
Experiência sensorial de estímulo/imaginação por meio de diálogos entre imagem, som e performance.

SERVIÇO
KUCETA (póspornografias)
Sábado, 16 de Junho – 18h
Estúdio Lâmina, Av. São João, 108