PÓSPORNÔPYRATA – Intersecções entre póspornografia, arte contemporânea e decolonialidade em Fortaleza – CE

Dos dias 22 a 26 de outubro a Monstruosas, em conjunto com a Coletiva Vômito, Distro Dysca, Aline Furtado e Kuceta Plataforma aportam na “terra da luz” a convite de Rao Ni, Bruna Kury e Gil Porto Pyrata, para contaminar corpos com o vírus da insubordinação ao cistema e elaborar criações perigosas e de ataque contra o império heterossexista, em perspectiva antiracista, antiespecista anticolonial e anticivilizatória.

A resisdência PÓSPORNÔPYRATA será realizada no Carnaúba Cultural, Rua Instituto do Ceará, 164, no Benfica, com abertura e encerramento de acesso gratuito, além de dois dias de imersão para vivência e construção coletiva exclusivas para as pessoas inscritas. O projeto contará com exibição de vídeos póspornôs sudakas, estações de experimetação póspornô sensoriais, debate e ação direta pornoterrorista, além da mostra dos trabalhos realizados e uma excitante feira autônoma que marcará a conclusão dos trabalhos.

Os dias 23 e 24 são exclusivos para as 10 pessoas selecionadas através das inscrições realizadas pelo preenchimento do fomulário. As pessoas participantes da residência poderão contar com uma ajuda de custo individual de 50R$.

PÓSPORNÔPYRATA – Interseccções entre póspornografia, arte contemporânea e decolonialidade

Nos arreganhamos a pensar sobre raça e sexo-gênero-dissidência, interseccionando as opressões e privilégios, pensando nesses marcadores sociais que hierarquizam as relações. Como isso reverbera na construção da arte contemporânea?

A proposta é ascender as corpas e sexualidades transviadas e degeneradas em potência do fazer criativo enquanto máquina insurgente, conectadas por uma rede de cuidado, afetiva e de modificação. A residência propõe o estímulo ao erro, já que o bug do sistema somos nós. Processos de localização da opressão à táticas de guerrilha póspornô e possibilidades de rupturas ao cistema heteromachobranco.

A residência pretende conectar artistas que trabalham com póspornô e decolonização e/ou tem ações e vivência de combate e questionamento à hegemonia racista e cis hetero patriarcal. Pq a arte legitimada é a do homem hétero cis branco?

A hierarquia e a linearidade da arte como senhor deus colonizador. Como produções dissidentes articulam fora do grande circuito elitista das artes?

Propomos pensar produções póspornô sudakas para questionar a colonização dos corpos. Quais os tensionamentos sobre a presença destas reflexões no campo artístico? É possível dilatar a fronteira elitista e clubista da arte para que a propagação de nossas narrativas se transforme numa estratégia de sobrevivência no cisheterocapitalismo?

### o pornoterrorismo pode ser um marco implosivo da linearidade que dominou a arte contemporânea? ###

Curador da Residência Rao Ni nasceu em Fortaleza/CE, é transvyade não binário e do corre autônomo. Pesquisa a produção de imagens não normativas que abordam gênero, corporalidades dissidentes e transmasculinidades marikas. Trabalha com fotografia, montagem de vídeo e xilogravura. Atualmente estuda iluminação cênica na SP Escola de Teatro.
Curador da residência Gil Porto Pyrata reside atualmente em São Paulo, é pessoa trans não binária, artista de rua, arte educador, palhaço freak, anarcatransfeminista e terrorperformer, pesquisa pospornografias e masculinidades combativas ao heterocispatriarcado, com uso de linguagens experimentais que circulam entre circo/dança/sonoridades/perfomance/textualidades.
Curadora da Residência Bruna Kury é brasileira, anarcatransfeminista, performer, artista visual e sonora. Atualmente reside em São Paulo e desenvolve trabalhos em diversos contextos, seja no mercado institucional da arte ou em produções de borda. Focada em criações atravessadas por questões de gênero, classe e raça (contra o cis-tema patriarcal heteronormativo compulsório vigente e a opressões estruturais-GUERRA de classes). Já performou com a Coletiva Vômito, Coletivo Coiote, La Plataformance, MEXA e Coletivo T. Atualmente investiga sonoridades no pósporno e a criação de objetuais que são ramificações do trabalho com performance.

PROGRAMAÇÃO

PRIMEIRO DIA – TER 22/10 – 19h
Carnaúba Cultural
Aberto ao público
Exibição de vídeos póspornô sudakas & Roda de abertura.

SEGUNDO DIA – QUA 23/10 – 17H
Carnaúba Cultural
Exclusivo para as inscritas
Estações de experimentação póspornô sensoriais

estação1: Faça você mesme.

estação2 : VÔMITO. vomitamos a velha máxima desnecessária dos concretistas, modernistas, tropicalistas, queers modinha. Oiticica is dead! Vomitamos a nós mesmas para nos reinventar, para não sucumbirmos caladas, para perturbar a norma e implantar desconforto aos que nos subjulgam, vomitamos nossa própria carne, nossa radioatividade, nossos vírus para que todxs se infeccionem, purpurina de nossos ossos.

“A antropoemia – o vômito – interrompe a digestão e a evacuação: reverte a dialética ao não permitir que se faça a síntese. Impedido de virar bosta, todo vômito se faz comestível: na contramão da síntese, vomitar é a possibilidade de comer novamente, e outra vez mais. “Contínua transformação do tabu em totem”.

Todo vômito “já éramos” alimento. É ao mesmo tempo alimento e dejeto, inclusão e exclusão. Ambivalência. O vômito é o pulsante processo dialético e histórico, instável e informe. Força que não estabiliza.”

(ref. a oficina de vômito da coletiva vômito, estação que muta criada por Bruna Kury. no encontro aparece como instalacão.)

estação3 : PÓSPORNO SONORO. “As corpas são únicas, podemos expandir nossos sentidos. Nenhuma medicina branca nem igreja, nem família baseada na cisnorma poderá nos castrar ou nos trancafiar em outres ou em nós mesmes. Faremos de nossas corpas festa, de nossos orifícios transmissores de música de nós mesmes, tentáculos e fios.”
Tecnologias do corpo, suor, pele, próteses, hibridismo, organismo.

TERCEIRO DIA – QUI 24/10 17H
Carnaúba Cultural
Exclusivo para as inscritas
Debates Antihumanistas: Construções coletivas de performances pospornô

com Monstruosas e Distro Dysca – focades nos tesões apocalípticos que se fortalecem desprezando a falocracia da masculinidade tóxica e civilizada. Gozar em cima das ruínas da heterossexualidade e da família nuclear androcentrada é um ato que transforma os esforços para demolição do heterocapitalismo em um orgasmo lascivo, sendo as vivências e as práticas dissidentes, um vírus que se propaga contaminando os corpos com a descolonização dos desejos e afetos. Os prazeres e a forma como se alcança-os também são políticos e fazem parte de uma subversão estrutural acerca do controle biopolítico dos corpos.

“Salimos a la calle, monstruas, mutantes, queers, sudakas, migrantes, disidentes, lxs que despiertan y quieren despertar a otrxs. Derrumbando los muros que impone el (des)conocimiento, follamos de vuelta los vangloriados culos próceres del fascismo, héroes del colonialismo. Les follamos y en el lugar de los hechos eyaculamos los cuerpos de piedra con verdadera historia.”
Ref: fuckthefascism.blogspot.com



QUARTO DIA – 26/10 17h
Carnaúba Cultural
Aberto ao Público
MOnSTRA COLETIVA dos trabalhos com integrantes da residência e artistas convidades.

Feira de obras e materiais contrainformativos com Monstruosas, Distro Dysca, PósPornôPirata, AnarkoBafo, Kuceta Plataforma